Prédio na Rua Sá e Albuquerque, Jaraguá |
Quando
se caminha pela cidade de Maceió, principalmente nos bairros mais
antigos, podem-se notar reminiscentes marcas da história da capital.
Para olhos que se demoram mais em admirar as ruas da cidade ou que
tentam perceber o que há por trás das ruínas desprezadas pelo
poder público e por nós mesmos, em nossa apatia, belíssimos
prédios despontam na paisagem revelando possíveis locais de
comunhão, confraternização e convívio do passado da cidade. É
certo que em locais os quais são visitados e onde o povo costuma ir
por sua identidade, há vida e há a segurança de se estar em um
local próprio, seu; por outro lado, quando se remove destes locais
funções de interesse comunitário ou de convívio, a vida se
corrói e apenas uma reminiscência do que já foi próprio para
alguém resta no olho de um distante observador. A ruína causa certa
angustia, porém pode dar às pessoas um vislumbre do que pode tornar
a ser ou um anúncio de mudança para o futuro.
O
teatro, que mesmo em sua etimologia pode se referir ao edifício de
onde se assiste à cena, mudou com suas renovações, se tornou livre
da caixa, livre do palco, livre do prédio. Porém isto não
significa que o prédio, o teatro, tenha perdido sua função ou sua
razão de ser: um local de convívio, confraternização e comunhão
que transforma o passo corriqueiro do dia a dia, podendo torná-lo em
uma maravilhosa e provocadora dança ou em um ato impetuoso e
revolucionário.
Teatro Deodoro, em 1915 |
Em
Maceió, temos um número pequeno de teatros e muitas vezes não
necessariamente estão abertos a propiciar o acesso aos artistas da
cidade onde foram erigidos. O mais antigo dos teatros hoje na cidade
é o Teatro Deodoro, que teve sua construção finalizada sobre os
vestígios do Teatro Seis de Setembro, este que jamais tivera sua
construção concluída. Após trágicas mortes de construtores e
lendas agourentas o teatro foi inaugurado no dia 15 de novembro de
1910 e desde então foi literalmente o palco de grande parte da cena
maceioense e alagoana.
Theatro Polytheama, 1905 |
Entretanto,
apesar de o Teatro Deodoro ser o teatro mais antigo ainda de pé na
cidade, ele não foi o primeiro. Ainda houve o Theatro Polytheama, na
rua do Imperador, na praça Sinimbu, inaugurado em 17 de Junho de
1905. O Polytheama funcionou a todo vapor e, por isso mesmo, fechou
no ano seguinte devido excesso de despesas. Logo o terreno do
Polytheama fora comprado e no ano seguinte reabriu também com
sessões de cinematógrafo. O Polytheama, como o nome grego já diz:
Poly (muitos) Theama (Espetáculos), consistia na diversidade de
gênero de apresentações: teatro de revista e variedades.
Antes
ainda houve o Teatro Maceioense, localizado na rua do Sol, no centro
da cidade, fundado junto com a Sociedade Dramática Particular
Maceioense em 1846, o edifício chegou a receber, além de diversos
trabalhos das Sociedades Dramáticas Particulares que haviam na
época, grandes obras do Ballet português e ainda a visita do
Imperador D. Pedro II. O Teatro Maceioense também sediou a
instalação da Sociedade Libertadora, instituição que assumiu a
luta contra a escravidão em Alagoas, na ocasião duas pessoas foram
alforriadas no teatro. Após um longo período em que o teatro ficou
fechado, ele reabriu exibindo sessões de cinematógrafo, sendo
divulgado como Teatro Maceioense – Cinema Delícia. Com a
inauguração do Teatro Deodoro e do Cinema Helvética, o Teatro
Maceioense não suportou a concorrência e fechou suas portas.
Prédio do antigo Teatro Maceioense - Cinema Delícia |
Os
teatros Polytheama e Maceioense infelizmente não existem mais, seus
rastros já se apagaram no progresso do tempo, porém ainda existem
prédios diversos em Maceió que podem ser revigorados, não só
teatros, mas potentes espaços que podem se tornar em palcos de
transformação. O
Teatro de Bolso Lima Filho é um exemplo disso, na rua Pedro
Monteiro, dentro do CENARTE, infelizmente hoje fechado, o Teatro Lima
Filho foi palco importante para o teatro alagoano, cenário do
Festival Estudantil de Maceió e outros espetáculos. Talvez seja a
hora de nós, responsáveis por nossa cidade, olharmos para espaços
com tais histórias e com tais possibilidades e exigirmos o seu
retorno.
Prédio do CENARTE, onde se encontra o Teatro de Bolso Lima Filho |
Fontes:
https://www.historiadealagoas.com.br/teatro-maceioense-e-o-cine-delicia-da-rua-do-sol.html
https://www.historiadealagoas.com.br/theatro-polytheama-a-primeira-grande-casa-de-espetaculos-de-maceio.html
https://www.historiadealagoas.com.br/a-maldicao-do-teatro-deodoro.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário