segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Acessibilidade: uma questão imprescindível

É fato que ainda é relativamente recente a atenção que o campo das artes e da produção cultural tem dado ao público de pessoas com deficiência. No entanto, o movimento nesse sentido já tem se revelado com certa criatividade e a devida responsabilidade

Para tratar dessa questão, conversamos rapidamente com a atriz, produtora, audiodescritora e intérprete de Libras Bárbara Lustoza, nossa parceira desde 2016, responsável por coordenar o processo de acessibilidade na programação do FESTAL.
Bárbara Lustoza, integrante da Rede e coordenadora da comissão de acessibilidade do Festal. Foto pessoal.

Atento a essa questão, o FESTAL tem buscado oferecer uma programação que contemple os mais variados públicos e o sistema de acessibilidade é um ponto do qual não abrimos mão, apesar das adversidades. Temos nos organizado de modo a receber, na medida do possível, pessoas com deficiência visual e auditiva, além de firmar parceria com espaços que apresentem as condições adequadas para pessoas com deficiência motora.
Em 2016, o espetáculo "A boca que muito fala", da Cia Artiservir foi um dos trabalhos que ofereceram o serviço de Libras. Foto: Nyrium.

De acordo com Bárbara, em comparação a nosso vizinho Pernambuco, Alagoas ainda tem muito o que caminhar. Mesmo que esse tipo de recurso já se constitua uma exigência como contrapartida social desde 2015 (oficialização da Lei Brasileira de Inclusão - LBI 13.146). Ela aponta que o público de pessoas com deficiência é geralmente melhor contemplado em eventos acadêmicos e públicos, o que não ocorre tanto quando se trata de iniciativas particulares dos grupos e artistas locais.

Entre as razões que Bárbara aponta para configurar esse cenário estão a crença de que esse público não teria interesse ou não se sente motivado a prestigiar boa parte das ações artístico culturais, além dos custos relativos à demanda (serviço de intérprete de Libras; equipamento e profissional de audiodescrição). Da nossa parte, acreditamos que a falta de fiscalização e de cobrança por parte da sociedade também alimenta essa situação.

O espetáculo "Remendó", da Cia Flor do Sertão contou com o recurso de Libras realizado pela intérprete Luana Silva. Foto: Xanda Souza

Em contrapartida, Bárbara compreende a Rede responsável pelo Festal como um espaço sensível a essa questão e que não se restringe somente na programação do festival, mas se estende na produção particular de alguns grupos. Ou seja, determinados coletivos e artistas que integram a Rede já tem pensado sua criação levando em conta aspectos que favorecem a acessibilidade. E justamente por isso, o Festal é de algum modo uma referência para o estado no que se refere a esse assunto.

Por fim, entre as restrições que carecem de um enfrentamento mais contundente, Bárbara identifica o processo de comunicação com as pessoas com deficiência. É importante que além de ofertarmos os recursos de acessibilidade, também consigamos chegar até esse público, atraí-lo para os ambientes de produção artística e cultural.
Bárbara Lustoza atuando na audiodescrição do espetáculo "Uma Tarde de Risos e Mágica", do artista Jesús Rojo, na edição de 2017. Foto: Nyrium.

Desse modo, percebemos que o caminho é longo e árduo. E há sempre mais por se fazer. Portanto, ainda não podemos nos dizer totalmente satisfeitos com nosso trabalho a respeito desse ponto, mas reafirmamos nosso compromisso com essa pauta e nos colocamos abertos para contribuições e novas parcerias atentas ao processo de inclusão desse público que não raras vezes é subestimado e negligenciado.

O Festal pretende se fazer uma festa para todos e todas e tem se construído pautado na responsabilidade de possibilitar o encontro das artes cênicas com os mais diversos públicos. Sigamos!!

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