sexta-feira, 22 de junho de 2018

Continuando o Festal


A importância do Festival de Artes Cênicas de Alagoas para toda a classe de artistas é evidente, porém é preciso esclarecer alguns outros méritos a este Festival que parecem não estar à vista; o primeiro é também relativo à importância desta classe dentro da organização social do estado, de que serve o artista? De fato algumas pessoas dirão que o artista não serve para nada, outras dirão que serve para muito; esta discordância em relação a serventia do artista, atualmente é provocada pela própria lógica da vida de hoje.

Reparemos em nossas duplas vidas; pois é assim que se organizam as vidas de quem faz arte no estado de Alagoas, se não duplas, múltiplas; vidas de artista, mas também outras vidas: de professores e professoras, advogados e advogadas, mercadores e mercadoras, oficiais, médicas e médicos, engenheiras e engenheiros, faxineiros e faxineiras, eletricistas, recepcionistas, esportistas, torcedoras e torcedores, mães e pais, filhas e filhos, amantes, e tantas outras vidas. Em todas elas percebemos uma angustia uma vontade de fazer diferença e trabalhar por nós todos e todas. Como fazer isso? Como unificar tantas vidas em um propósito comum?

Transformação, resistência, identificação e revolução, talvez estas palavras atendam nossos anseios, o problema é como tirá-las do papel, como fazê-las chegar a nós, às coisas? Por este motivo, à pele nos vem logo as dores causadas pela inércia, destruição, alienação e acomodação causadas pela corrupção e desinteresse que ronda nossas vidas. Com efeito, reclamamos, pedimos a mudança, nomeamos os culpados, e o que mais fazemos?

Primeira Reunião de Organização do Festal 2018

Primeiro dia do Festal 2016
Fizemos o Festal! De fato, eis algo que não se pode negar é uma ação transformadora, de resistência, identidade e revolução, feita pelos artistas para todas as classes. O Festal, desde 2016, foi capaz de abrir as portas da organização para toda sua classe de artistas, iniciando uma rede colaborativa que perdura até hoje, discutindo e produzindo os caminhos para que esta ação continue mais abrangente e pungente. Está no Festal, quem faz o Festal, quem quer fazer o Festal.

Oficina de Dança Afro-contemporânea, ministrada por Jailton de Oliveira no Festal 2017
Espetáculo Uma Tarde de Risos e Mágica, com Jesús Rojo no Festal 2017
Em 2017, o Festal, através do empenho da rede já formada na edição anterior e do Edital Algás Social, além dos espaços tradicionais de apresentação, foi para as escolas estaduais e municipais da capital, com espetáculos e oficinas de arte, distribuindo por diferentes espaços arte, cultura e formação para estudantes e professores, oportunizando assim o diálogo entre diferentes atores, desde os jovens estudantes à professore, gestores e os próprios artistas da cidade. A diversidade de performances derivadas de distintas referências serviu para multiplicar os olhares dos jovens pelas escolas públicas da capital. Notava-se desde os olhos maravilhados de crianças em um show de mágica, aos protestos de jovens em sua comunidade, derivados da performance no local. Espetáculos que mostravam a cultura africana ou o imaginário popular do nordeste; que discutiam questões como depressão ou identidade; que maravilhavam ou que criticava. Estes fatores respondem um pouco da pergunta do início deste texto. Essa força que o Festal proporciona é “útil” para todos nós

Finalização do GT O sentido de continuidade do FESTAL, Festal 2017
O Festal foi plantado à meia-noite e sua semente foi regada com o suor do dia. À Meia-noite começou o Festal, e de sua árvore os frutos desfrutamos, enchemos os chapéus com sementes e passamos adiante, para que outros tomem o volante e sigam semeando esta festa. Plantemos uma floresta com elas, façamos o Festal!

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