A importância do Festival de Artes Cênicas de Alagoas para toda a
classe de artistas é evidente, porém é preciso esclarecer alguns
outros méritos a este Festival que parecem não estar à vista; o
primeiro é também relativo à importância desta classe dentro da
organização social do estado, de que serve o artista? De fato
algumas pessoas dirão que o artista não serve para nada, outras
dirão que serve para muito; esta discordância em relação a
serventia do artista, atualmente é provocada pela própria lógica
da vida de hoje.
Reparemos em nossas duplas
vidas; pois é assim que se organizam
as
vidas
de quem faz arte no estado de Alagoas, se não duplas, múltiplas;
vidas
de artista, mas também outras vidas: de professores e professoras,
advogados e advogadas, mercadores e mercadoras, oficiais, médicas e
médicos, engenheiras e engenheiros, faxineiros e faxineiras,
eletricistas, recepcionistas, esportistas, torcedoras e torcedores,
mães e pais, filhas e filhos, amantes, e tantas outras vidas. Em
todas elas percebemos uma angustia uma vontade de fazer diferença e
trabalhar por nós todos e todas. Como fazer isso? Como unificar
tantas vidas em um propósito comum?
Transformação, resistência,
identificação e revolução, talvez estas palavras atendam nossos
anseios, o problema é como tirá-las do papel, como fazê-las chegar
a nós, às coisas? Por este motivo, à pele nos vem logo as dores
causadas pela inércia, destruição, alienação e acomodação
causadas pela corrupção e desinteresse que ronda nossas vidas. Com
efeito, reclamamos, pedimos a mudança, nomeamos os culpados, e o que
mais fazemos?
Primeira Reunião de Organização do Festal 2018
|
Fizemos o
Festal! De fato, eis algo que não se pode negar é uma ação
transformadora, de resistência, identidade e revolução, feita
pelos artistas para todas as classes. O Festal, desde 2016, foi capaz
de abrir as portas da organização para toda sua classe de artistas,
iniciando uma rede colaborativa que perdura até hoje, discutindo e
produzindo os caminhos para que esta ação continue mais abrangente
e pungente. Está no
Festal, quem faz o Festal, quem quer fazer o Festal.
Oficina de Dança Afro-contemporânea, ministrada por Jailton de Oliveira no Festal 2017 |
Espetáculo Uma Tarde de Risos e Mágica, com Jesús Rojo no Festal 2017 |
Em 2017, o Festal, através
do empenho da rede já formada na edição anterior e do Edital Algás
Social, além dos
espaços tradicionais de apresentação, foi para as escolas
estaduais e municipais da capital, com espetáculos e oficinas de
arte, distribuindo por diferentes
espaços arte, cultura e formação para estudantes e professores,
oportunizando assim o diálogo entre diferentes atores, desde os
jovens estudantes à professore, gestores e os próprios artistas da
cidade. A diversidade de
performances derivadas de distintas referências serviu para
multiplicar os olhares dos jovens pelas escolas públicas da capital.
Notava-se desde os olhos maravilhados de crianças em um show de
mágica, aos protestos de jovens em sua comunidade, derivados da
performance no local. Espetáculos
que mostravam a cultura africana ou o imaginário popular do
nordeste; que discutiam questões como depressão
ou identidade; que maravilhavam ou que criticava. Estes
fatores respondem um pouco da pergunta do início deste texto. Essa
força que o Festal proporciona é “útil” para todos nós
Finalização do GT O sentido de continuidade do FESTAL, Festal 2017 |
O Festal foi plantado à
meia-noite e sua semente foi regada com o suor do dia. À Meia-noite
começou o Festal, e de sua árvore os frutos desfrutamos, enchemos
os chapéus com sementes e passamos adiante, para que outros tomem o
volante e sigam semeando esta festa.
Plantemos
uma floresta com elas, façamos o Festal!
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