quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Entrevista

Mary Vaz é artista pesquisadora. Dentro dos trabalhos  com os Saudáveis Subversivos, integra pesquisas voltadas a arte da performance e da dança.
 
FESTAL: Há quanto tempo existe o grupo?
MARY: Os Saudáveis Subversivos surgiram no final dos anos 90 como um coletivo de artistas, jornalistas, publicitários, pesquisadores e curiosos com o intuito de aglutinar pessoas afins no propósito de fazer uso da arte como agente de transformação social.

F: Como é que vocês definem o grupo? O que é conceitualmente, artisticamente?
M: Neste recém-nascido século 21, os conteúdos são cada vez mais compostos de misturas, trocas e intercâmbios. Um universo global é construído em múltiplas vias; e em meio a tantos fluxos destacam-se aqueles que captam os dados e os processam – através de um sistema de decupagem bastante avançado em aspectos reflexivos – para traduzi-los e comunicá-los ao próximo, contribuindo para o fortalecimento de sua cultura. As ideias – vivas – figuram plataformas de moléculas e/ou bites, os corpos são compostos de carbono e/ou silício; e circulam ignorando limites e alfândegas, alcançando os mais distantes e diversos pontos do planeta. Dentro deste ambiente expandido pensamos nossas obras como uma corrente textual e buscamos liberdade e mobilidade entre os lígames essenciais de nossa criação, nos posicionando no sentido da conquista de novos espaços dramáticos. Acreditamos numa saudável diversidade e subvertemos conteúdos buscando a saúde do meio. Apresentamos aqui um resumo das Saudáveis Obras Subversivas, nas áreas de vídeo, teatro, dança, música e performance.

F: E como é que é o processo criativo de vocês?
M: Desde o início das ações dos Saudáveis Subversivos estivemos realizando performances e ações públicas. Acreditamos na linguagem da performance – intervenções, Instaurações Cênicas, Happenings…  Apresentamos aqui algumas ações que podem ser caracterizadas como performance. Prioritariamente, não nos preocupamos com o conceito atrelado a cada ação e sim procuramos nos ocupar em agir dentro do nosso compromisso humano, social, espiritual e artístico. Gostamos da proximidade com o público e percebemos que ele também. Então, estamos quase sempre no chão, fora do palco, junto do público. Levamos nossas obras para locais como fábricas, praças, praias e ruas. Esta proximidade nos faz mais amigos, aprendemos um com o outro. Os processos são sempre colaborativos.

F: Fala para gente sobre a performance.
M: Desenho do Desejo - A série de acontecimentos performáticos transita por instaurações que mesclam happening e interatividade, inserindo performers como criadores/criaturas num ambiente provocativo, onde atuamos com diferentes grupos de pessoas na confecção de obras coletivas. Para os Saudáveis Subversivos este é um projeto muito vivo, pela imprevisibilidade, pelo risco de se surpreender ou decepcionar-se com as reações das pessoas. Esse caos do acaso é vida que se renova a cada segundo, numa eterna contemporaneidade instintiva. Colocando os impulsos, ações e reações em jogo e análise, podemos refletir sobre cada nova decisão tomada por um performer (atuante consciente) ou um receptor (atuante inconsciente de que sua simples presença consiste em cena, onde arte, vida e reflexão compõem o texto dialético da obra). Observamos os panoramas encontrados a cada nova instauração e questionamos nossas próprias conclusões. Em Desenho do Desejo, a ação libertária acontece dentro da proposta de construção de um espaço criativo coletivo, que provoque a interatividade através da total liberdade criativa e técnica, pondo em reflexão a coragem, a participação, a vontade, o repartir o seu espaço e o respeitar a igualdade das diferenças como um todo.

F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
M: Para nós, o Festal tem uma importância brilhante. Pois promover a inclusão através de atividades artísticas e/ou artístico-pedagógicas que oportunizem inclusão social utilizando-se das artes, tais como: artes cênicas, dança, artes visuais, circo, música e literatura fortalece a identidade cultural e o vínculo social. Além de nos possibilitar a atividades no cenário local.

F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017?
M: A expectativa é das melhores. Esperamos que a arte e o entendimento, se não em sua totalidade, mas que seja acessada, já nos fará bem em todos os sentidos.  Muito mais que entretenimentos, acreditamos na arte e na comunicação como agentes transformadores e por isso, pretendemos provocar a reflexão e a transformação através de nossas ações.

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