Mary Vaz é artista pesquisadora. Dentro dos
trabalhos com os Saudáveis Subversivos,
integra pesquisas voltadas a arte da performance e da dança.
FESTAL: Há quanto tempo existe o grupo?
MARY: Os
Saudáveis Subversivos surgiram no final dos anos 90 como um coletivo de
artistas, jornalistas, publicitários, pesquisadores e curiosos com o intuito de
aglutinar pessoas afins no propósito de fazer uso da arte como agente de
transformação social.
F: Como é que vocês definem o grupo? O que é conceitualmente, artisticamente?
M: Neste
recém-nascido século 21, os conteúdos são cada vez mais compostos de misturas,
trocas e intercâmbios. Um universo global é construído em múltiplas vias; e em
meio a tantos fluxos destacam-se aqueles que captam os dados e os processam –
através de um sistema de decupagem bastante avançado em aspectos reflexivos –
para traduzi-los e comunicá-los ao próximo, contribuindo para o fortalecimento
de sua cultura. As ideias – vivas – figuram plataformas de moléculas e/ou
bites, os corpos são compostos de carbono e/ou silício; e circulam ignorando
limites e alfândegas, alcançando os mais distantes e diversos pontos do
planeta. Dentro deste ambiente expandido pensamos nossas obras como uma
corrente textual e buscamos liberdade e mobilidade entre os lígames essenciais
de nossa criação, nos posicionando no sentido da conquista de novos espaços
dramáticos. Acreditamos numa saudável diversidade e subvertemos conteúdos
buscando a saúde do meio. Apresentamos aqui um resumo das Saudáveis Obras
Subversivas, nas áreas de vídeo, teatro, dança, música e performance.
F: E como é que é o processo criativo de vocês?
M: Desde
o início das ações dos Saudáveis Subversivos estivemos realizando performances
e ações públicas. Acreditamos na linguagem da performance – intervenções, Instaurações
Cênicas, Happenings… Apresentamos aqui
algumas ações que podem ser caracterizadas como performance. Prioritariamente, não
nos preocupamos com o conceito atrelado a cada ação e sim procuramos nos ocupar
em agir dentro do nosso compromisso humano, social, espiritual e artístico. Gostamos
da proximidade com o público e percebemos que ele também. Então, estamos quase
sempre no chão, fora do palco, junto do público. Levamos nossas obras para
locais como fábricas, praças, praias e ruas. Esta proximidade nos faz mais
amigos, aprendemos um com o outro. Os processos são sempre colaborativos.
F: Fala para gente sobre a performance.
M:
Desenho do Desejo - A série de acontecimentos performáticos transita por
instaurações que mesclam happening e interatividade, inserindo performers como
criadores/criaturas num ambiente provocativo, onde atuamos com diferentes
grupos de pessoas na confecção de obras coletivas. Para os Saudáveis
Subversivos este é um projeto muito vivo, pela imprevisibilidade, pelo risco de
se surpreender ou decepcionar-se com as reações das pessoas. Esse caos do acaso
é vida que se renova a cada segundo, numa eterna contemporaneidade instintiva.
Colocando os impulsos, ações e reações em jogo e análise, podemos refletir sobre
cada nova decisão tomada por um performer (atuante
consciente) ou um receptor (atuante inconsciente de que sua simples presença
consiste em cena, onde arte, vida e reflexão compõem o texto dialético da
obra). Observamos os panoramas encontrados a cada nova instauração e
questionamos nossas próprias conclusões. Em Desenho do Desejo, a ação
libertária acontece dentro da proposta de construção de um espaço criativo
coletivo, que provoque a interatividade através da total liberdade criativa e técnica,
pondo em reflexão a coragem, a participação, a vontade, o repartir o seu espaço
e o respeitar a igualdade das diferenças como um todo.
F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
M: Para
nós, o Festal tem uma importância brilhante. Pois promover a inclusão através
de atividades artísticas e/ou artístico-pedagógicas que oportunizem inclusão social
utilizando-se das artes, tais como: artes cênicas, dança, artes visuais, circo,
música e literatura fortalece a identidade cultural e o vínculo social. Além de
nos possibilitar a atividades no cenário local.
F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017?
M: A
expectativa é das melhores. Esperamos que a arte e o entendimento, se não em
sua totalidade, mas que seja acessada, já nos fará bem em todos os sentidos. Muito mais que entretenimentos, acreditamos
na arte e na comunicação como agentes transformadores e por isso, pretendemos
provocar a reflexão e a transformação através de nossas ações.
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