O ator, diretor, produtor cultural, educador social e membro da Companhia Teatro da Meia-noite Julien Costa falou conosco sobre a trajetória da Cia, seus processos criativos e a importância que o FESTAL tem para a cena alagoana.
FESTAL: Há quanto tempo existe a Cia?
JULIEN: A Companhia teatro da Meia-noite fará 16
anos em novembro e tem 10 experimentos cênicos montados nesse período,
alguns espetáculos foram montados com recursos próprios e
outros a partir de prêmios concedidos através de editais nacionais entre
eles: Myriam Muniz, Interações estéticas ambos da FUNARTE e BNB cultural,
e entre o fim de outubro e começo de novembro de 2017 pretende estrear seu 11º
espetáculo, que já está em processo de ensaios.
F:Como é que vocês definem a
Cia? O que é conceitualmente, artisticamente?
J: A Cia está passando por um processo de
renovação regimental, se ajustando a um novo formato, firmando novas parcerias,
convidando novas pessoas para compor seu quadro de associados, mas nesses 15
anos, tivemos como essência conceitual, transformar/adaptar textos da
literatura para o teatro. Foi assim em seu 1º espetáculo "Cinco para o
cadafalso” com a adaptação livre de "Noite na Taverna" de Álvares de
Azevedo, no espetáculo "Insônia" baseado no conto homônimo de
Graciliano Ramos e no espetáculo "Marina- uma história de Cordel"
inspirado nos cordéis de Leandro Gomes de Barros. Além de arriscar trabalhos
autorais como o espetáculo: "Paixão do Riso" - criação textual
coletiva.
A companhia também resolveu utilizar o
teatro como ferramenta pedagógica para o exercício da cidadania de jovens em
situação de vulnerabilidade social, através de projetos desenvolvidos
pelos jovens inscritos nas ações do ponto de cultura.
Outros objetivo e desejo nossos
foram interagir com ostros grupos, principalmente com grupos do interior
do estado de Alagoas através de intercâmbios e já conseguimos
construir parcerias com grupos e artistas nas cidades de Arapiraca e
Palmeira dos Índios!
F: E como é que é o processo criativo de vocês?
J: Nossos processos são diversos e dependem muito do texto que vamos montar,
mas o ponto de partida começa com várias perguntas: Primeira etapa - que texto
montar? Por que montar? Para quando? Para
quem?
Depois de algumas discussões/reflexões/percepções,
vem a segunda etapa - Construção do texto ou adaptação - muitas leituras
- ajustes – reajustes.
Terceira etapa - Definição de elenco,
concepção estética, ensaios pré-produção;
Quarta etapa - apresentações, pós-produção e
avaliação.
F: Fala para gente sobre seu espetáculo.
J: “MEU PÉ DE FULÔ”, espetáculo infantil
contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, readaptação do
texto de Paulo Sarmento, pois apesar da integridade total do texto, novos
elementos foram incorporados à trama. O espetáculo possui trilha sonora
original regionalista criada cena a cena, animações e cenários virtuais em
preto e branco relembrando os desenhos da literatura de cordel, onde pontuam
tempo e espaço, além da alusão ao teatro mambembe, ao teatro de animação e a
mistura multifacetada dos gêneros: Teatro e Audiovisual. Uma deliciosa
brincadeira onde homenageamos as Manifestações da Cultura Popular Nordestina,
através de releituras nos figurinos e adereços, contadores de história, livros
infantis, fábulas, onde podemos sonhar e ir além, tornar nossos sonhos infantis
em realidade.
F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
J: O que deve ser considerado sobre a
importância do FESTAL para cena alagoana é a possibilidade de despertar o
sentimento de pertencimento e de protagonismo nos grupos, em artistas
alagoanos das artes cênicas, pois o FESTAL foi concebido para ser
construído de forma colaborativa e coletiva. É aproximar os pares nas lutas por
políticas públicas que atendam às necessidades do segmento, além de pertencer
ao calendário cultural anual do Estado, de contribuir para geração de
receita para cadeia produtiva do segmento e deve ser um momento de unificar as
trupes e as tribos para o bem comum: celebrar a resistência e a luta dos que
vieram antes de nós e dos que virão depois de nós! A edição passada já foi algo
divino, mágico, encantador, então por tudo isso, vida longa ao FESTAL! Evoé!
F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017
J: A expectativa para essa edição é a melhor possível. Estamos envolvidos
desde a primeira edição e nos surpreendemos com os avanços de um projeto
embrionário, vendo em tempo real a metamorfose do embrião, um feto
se desenvolvendo, sendo gerado com tanto afeto. Vale destacar a
habilidade, comprometimento e presteza com que as comissões de trabalho
do FESTAL desta edição estão em sintonia através da condução competente
da coordenação desta 3ª edição, a quem reverenciamos pela dedicação
e celebraremos com eles, os 15 anos de resistência e persistência! Parabéns Cia
do Chapéu pelo aniversário e pela condução dos processos e da coordenação geral
dessa edição!
Já deixamos aqui o convite para quem ler essa matéria, para compartilhar
conosco esse momento tão importante para as Artes Cênicas em Alagoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário