sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Entrevista

O ator, diretor, produtor cultural, educador social e membro da Companhia Teatro da Meia-noite Julien Costa falou conosco sobre a trajetória da Cia, seus processos criativos e a importância que o FESTAL tem para a cena alagoana.

FESTAL: Há quanto tempo existe a Cia?
JULIEN: A Companhia teatro da Meia-noite fará 16 anos em novembro e tem 10 experimentos cênicos montados nesse período, alguns  espetáculos  foram montados com recursos próprios e  outros  a partir de prêmios concedidos através de editais nacionais entre eles: Myriam Muniz, Interações estéticas ambos da FUNARTE e BNB cultural,  e entre o fim de outubro e começo de novembro de 2017 pretende estrear seu 11º espetáculo, que já está em processo de ensaios.

F:Como é que vocês definem a Cia? O que é conceitualmente, artisticamente?
J: A Cia está passando por um processo de renovação regimental, se ajustando a um novo formato, firmando novas parcerias, convidando novas pessoas para compor seu quadro de associados, mas nesses 15 anos, tivemos como essência conceitual, transformar/adaptar textos da literatura para o teatro. Foi assim em seu 1º espetáculo "Cinco para o cadafalso” com a adaptação livre de "Noite na Taverna" de Álvares de Azevedo, no espetáculo "Insônia" baseado no conto homônimo de Graciliano Ramos e no espetáculo "Marina- uma história de Cordel" inspirado nos cordéis de Leandro Gomes de Barros. Além de arriscar trabalhos autorais como o espetáculo: "Paixão do Riso" - criação textual coletiva.
A companhia também resolveu utilizar  o teatro como ferramenta pedagógica para o exercício da cidadania de jovens em situação de vulnerabilidade social, através  de projetos desenvolvidos pelos jovens inscritos nas ações do ponto de cultura.
 Outros objetivo e desejo  nossos foram  interagir com ostros grupos, principalmente com grupos do interior do estado de Alagoas  através de intercâmbios e  já conseguimos construir parcerias com grupos e artistas nas  cidades de Arapiraca e Palmeira dos Índios!

F: E como é que é o processo criativo de vocês?
J: Nossos processos são diversos e dependem muito do texto que vamos montar, mas o ponto de partida começa com várias perguntas: Primeira etapa - que texto montar? Por que montar? Para quando?  Para quem?
Depois de algumas discussões/reflexões/percepções, vem a segunda etapa - Construção do texto ou adaptação - muitas leituras -  ajustes – reajustes.
Terceira etapa -  Definição de elenco, concepção estética, ensaios pré-produção;
Quarta etapa - apresentações, pós-produção e avaliação.

F: Fala para gente sobre seu espetáculo.
J: “MEU PÉ DE FULÔ”, espetáculo infantil contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, readaptação do texto de Paulo Sarmento, pois apesar da integridade total do texto, novos elementos foram incorporados à trama. O espetáculo possui trilha sonora original regionalista criada cena a cena, animações e cenários virtuais em preto e branco relembrando os desenhos da literatura de cordel, onde pontuam tempo e espaço, além da alusão ao teatro mambembe, ao teatro de animação e a mistura multifacetada dos gêneros: Teatro e Audiovisual. Uma deliciosa brincadeira onde homenageamos as Manifestações da Cultura Popular Nordestina, através de releituras nos figurinos e adereços, contadores de história, livros infantis, fábulas, onde podemos sonhar e ir além, tornar nossos sonhos infantis em realidade.

F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
J: O que deve ser considerado sobre a  importância do FESTAL para cena alagoana é a possibilidade de despertar o sentimento de pertencimento e de protagonismo nos  grupos, em artistas alagoanos das artes cênicas, pois o FESTAL foi concebido para  ser construído de forma colaborativa e coletiva. É aproximar os pares nas lutas por políticas públicas que atendam às necessidades do segmento, além de pertencer ao calendário cultural anual do Estado, de  contribuir para geração de receita para cadeia produtiva do segmento e deve ser um momento de unificar as trupes e as tribos para o bem comum: celebrar a resistência e a luta dos que vieram antes de nós e dos que virão depois de nós! A edição passada já foi algo divino, mágico, encantador, então por tudo isso, vida longa ao FESTAL! Evoé!

F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017
J: A expectativa para essa edição  é a melhor possível. Estamos envolvidos desde a primeira edição e nos surpreendemos com os avanços de um projeto embrionário, vendo em tempo real  a metamorfose do embrião, um feto  se desenvolvendo, sendo gerado com tanto  afeto. Vale destacar a habilidade, comprometimento  e presteza com que as comissões de trabalho do FESTAL  desta edição estão  em sintonia através da condução competente da coordenação desta 3ª edição,  a quem reverenciamos  pela dedicação e celebraremos com eles, os 15 anos de resistência e persistência! Parabéns Cia do Chapéu pelo aniversário e pela condução dos processos e da coordenação geral dessa edição!
Já deixamos aqui o convite para quem ler essa matéria, para compartilhar conosco esse momento tão importante para as Artes Cênicas em Alagoas.

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