FESTAL: Há quanto tempo existe a Cia?
ALEX: A Cia. existe desde meados de 2015, curiosamente costumo brincar com colegas de trabalho e com o público que se trata de uma companhia de homem só. O nome surgiu para representar um experimento cênico chamado Solos Armoriais. Na época, havia a intensão de formarmos um grupo, mas logo o processo foi interrompido e os profissionais envolvidos tomaram rumos diferentes. No entanto, como a relação entre o teatro de bonecos e a estética Armorial era algo que já perseguia desde a universidade, àquela altura, mesmo com a equipe diluída, por um desejo de levar esse fazer adiante, procurando alçar voos maiores e para além do âmbito acadêmico, decidi continuar com a Cia. Armorial Teatro de Bonecos (...)
F: Como é que você define a Cia? O que é conceitualmente, artisticamente?
A: (...), pois ela representa um espaço de pesquisa entorno das manifestações artísticas da(s) cultura(s) de tradição popular brasileira, o que me alimenta como artista e como ser humano.
F: E como é que é o seu processo criativo?
A: É por essa mesma afinidade com a cultura de tradição popular que a Cia. tem, aos poucos, se aproximado de outros artistas e grupos, estabelecendo parcerias. Mas, tudo ainda é muito novo, faz apenas dois anos e nesse pouco tempo a Cia. Armorial ainda está se entendendo enquanto Cia, ou em outras palavras, ainda estou me entendendo enquanto companhia de um homem só (risos). Então a percepção sobre uma metodologia de criação ainda é algo em construção. Quer seja solo ou em parceiras, cada encontro vai estabelecer mecanismos de criação totalmente diferentes em razão da experiência de vida dos envolvidos.
Um breve exemplo: o trabalho que marca o surgimento da companhia é um solo com bonecos das mais diferentes técnicas. Nesse formato, a Cia. encontrava-se num processo onde embora houvesse uma escuta coletiva e papéis bastante definidos na criação, a equipe se relacionava de maneira verticalizada. Já em 2016, na parceria com o Coletivo Hetéaçã (Maceió/AL), a realidade era outra. A criação e circulação com o espetáculo Mamulengo do Ambrósio foi um processo horizontal do começo ao fim, cujos papeis foram sendo definidos à medida que a criação se consolidava.
Contudo, ainda que não haja clareza a respeito dessa metodologia dos processos criativos (o que ao meu entender demanda tempo e maturidade, e isso é algo que para a Cia. está sendo construído), ainda assim, é notório que os interesses da Cia. em trabalhar com a linguagem do teatro de formas animadas numa relação direta com a poética popular, levam a trabalhos que, independente do formato, requerem o uso de princípios básicos dessa linguagem e poética, aí nesse sentido pode-se dizer que há um jeito próprio da Cia. em conduzir a criação.
F: Fala para gente sobre sua oficina.
A: trata-se um trabalho com bonecos de luva (mamulengo), onde a brincadeira enquanto experiência psicomotora, afetiva e pedagógica é encarada como um caminho para difundir, em sala de aula, saberes da nossa cultura de tradição popular. Através desta prática artística e pedagógica a Cia. Armorial Teatro de Bonecos busca contribuir com a presença e valorização destes saberes no âmbito da educação básica.
F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
A: O FESTAL vem cumprindo um importante papel no campo das artes cênicas em Alagoas, não só enquanto mostra fomentando a produção e apreciação, mas principalmente enquanto espaço de diálogo e fortalecimento da classe artística, o que é extremamente importante para produção artística no âmbito das artes cênicas, especialmente na região metropolitana do estado.
F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017
A: A oficina de manipulação de bonecos de luva “Mamulengo Vai Brincar” é uma das ações da Cia. que compõe o FESTAL 2017, esse é o segundo ano em que a Cia. participa do evento. No ano passado (2016), foi apresentado em parceria com o Coletivo Hetéaçã, o espetáculo Mamulengo do Ambrósio.
Para além da oficina, pensando o Festival como um todo, nossa grande expectativa é que o diálogo estabelecido com as comunidades escolares nesta edição possa simbolizar, tanto para artistas quanto para o público, experiências humanamente enriquecedoras no âmbito pessoal, profissional e social.
Quem venha o FESTAL 2017!
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