sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Entrevista

Bruno Alves, ator, bordador/tecedor de histórias do Coletivo Volante, nos contou como nasceu o espetáculo Incelença, que compõe a programação do FESTAL nesta 3ª edição. Ele nos falou também sobre seu processo criativo, sobre como se dá o diálogo dos artistas dentro do grupo e suas expectativas para o festival.


Foto de Nivaldo Vasconcelos

Festal: Há quanto tempo existe o coletivo?
Bruno:
O Coletivo Volante de Teatro iniciou o processo de pesquisa do seu primeiro espetáculo em janeiro de 2014, no entanto, só veio receber esse nome em julho do mesmo ano, mediante o surgimento do título desse primeiro espetáculo que estava em andamento.
 
F: Como é que vocês definem o coletivo? O que é conceitualmente, artisticamente?
B:
Somos um coletivo que busca dialogar com artistas de outros grupos e coletivos. Vamos nos entendendo a partir desses encontros. Cada encontro vai transformando a nossa maneira de fazer e entender o teatro.
As buscas iniciais são por uma dramaturgia autoral, tendo o estudo da memória como elemento de ponto de partida para as criações, sejam essas memórias pessoais ou coletivas. Ressignificar a memória e transformá-la em cena é a nossa busca que se destaca em todos os processos dos últimos anos. Além da memória, buscamos entender o espaço como lugar de revisitar e recriar memórias, assim, queremos e buscamos nos aprofundar no diálogo com espaços alternativos e com a aproximação de outros públicos.
Essa relação com outros espaços se reflete também no espaço digital com alguns de nossos projetos, ampliando as possibilidades de diálogos cênicos com o audiovisual, por exemplo, ou mesmo a criação da revista digital colaborativa, que além de ser um espaço digital é também um espaço de registro e memória.
 
F: E como é que é o processo criativo de vocês?
B:
Dos dois espetáculos que temos, fomos vivenciando formatos diferentes de criação. O processo colaborativo está presente nos dois. Atores e atrizes criadores, texto que vem de quem está dentro do processo. As decisões são horizontalizadas na criação. Aos poucos, alguns vão se entendendo dentro do processo e assumindo responsabilidades, mas partimos da troca e da identificação com as funções que possam vir a surgir.
 
F: Fala para gente sobre seu espetáculo.
B:
“Incelença” é o nosso segundo espetáculo. Teve seu ponto de partida na última edição do FESTAL que nos aproximou de muitos artistas. Iniciamos com uma provocação textual, achávamos que iríamos montar aquele texto de novembro de 2016. Queríamos todxs falar sobre os índices do Mapa da Violência em Alagoas, logo todxs tínhamos muito o que dizer.
Ao longo dos meses, entendemos que do nosso encontro já nasciam cenas, imagens e textos já haviam pedido para serem mostrados. Resolvemos aceitar. Zeramos o jogo e tudo que ia se criando era fruto da presença e participação dxs criadorxs. Gessyca Geyza assumiu a direção e caminhamos para aquilo que queríamos contar.
Hoje temos uma história a partir da memória de mães que perderam os filhxs para a violência. Mães essas que fomos encontrando em nossas vidas, pesquisas ou mesmo em nossas famílias. O espetáculo é a partir das histórias dessas mães.
 
F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
B:
O FESTAL é o nosso lugar de encontro e resistência. É a nossa maneira de fazer e contar as nossas histórias. É um espaço construído pelos grupos e que vem se fortalecendo a cada edição.
Quando o FESTAL acontece a gente passa a acreditar mais na gente, na nossa força e no nosso teatro.
 
F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017?
B:
Participaremos pela primeira vez com um espetáculo. Esperamos somar e celebrar todos esses anos de festival e de todos os grupos que aqui existem. A nossa expectativa e vontade é estar sempre junto de alguma maneira.

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