sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Entrevista

Gustavo Félix é membro da Associação Artística Cia. do Chapéu desde 2012. Entre os anos de 2007 e 2011, cursou Licenciatura em Teatro na Universidade Federal de Alagoas e atualmente cursa Letras desde 2011, também na UFAL; vem investigando a literatura, o texto e a dramaturgia desde sua primeira graduação. Ministrará a oficina "Brincando de Cena" para crianças entre 04 e 07 anos, dentro da programação paralela do #FESTAL2017, neste sábado, 14 de outubro, das 09h às 13h, na Galeria Gamma (Stella Maris). Os espetáculos Tarja Preta e Alice?!, da Cia do Chapéu, serão apresentados, respectivamente, nos dias 22 e 26 de outubro.

FESTAL: Há quanto tempo existe a Cia?
GUSTAVO:
A Cia. do Chapéu foi formada em 2002, tem 15 anos.
 
F: Como é que você define a Cia? O que é conceitualmente, artisticamente?
G:
O Chapéu se define na sua multiplicidade de interesses, mas com maior ênfase no fazer teatral. A Cia. já realizou obras em outras linguagens e pretende continuar investigando as artes e seu papel político, estético e social.
 
F: E como é que é o seu processo criativo?
G:
A Cia. promove em seu processo criativo, através da pesquisa estética, cênica, corporal, simbólica, textual e política, o teatro de grupo e em seus processos as concepções das obras são arquitetadas de forma democrática, com a participação integral dos membros do grupo. Cada escolha é tomada mediante discussão e investigação coletiva. As funções de direção, atuação, iluminação, sonoplastia, dramaturgia, produção entre outras, existem de acordo com as especialidades e interesses, porém não existe uma hierarquia nas escolhas. Assim, o processo criativo da Cia. do Chapéu é feito através da proposição coletiva e a pesquisa e prática artísticas.
 
F: Fala para gente sobre seu espetáculo.
G:
A Cia. do Chapéu apresentará dois espetáculos como voluntária dentro do FESTAL. O primeiro será Tarja Preta, espetáculo que busca investigar temas como a apatia e melancolia que nos envolvem na sociedade contemporânea, investigando as sombras e o silêncio como estética teatral. Portanto, a expressão corporal e a dramaturgia jogam com os vazios do espaço e o vulto, entre a luz e a sombra, entre o ruído e o silêncio, acusando, assim, uma morbidez no estado solitário e fugidio da sociedade atual. O outro espetáculo, Alice!?, é uma renovação e retexturização do antigo espetáculo do repertório da Cia. Do Chapéu, uma releitura da obra Alice no País das Maravilhas e o que ela encontrou por lá, de Lewis Carroll; através do jogo de cena, improvisação, porém do texto, da contextualização, busca-se investigar as identidades, no nível pessoal, interpessoal e coletivo. Busca-se, também, saber o indivíduo e o meio, suas demandas e seus propósitos, enquanto artista, enquanto grupo, enquanto classe, enquanto povo.
 
F: Fala para gente sobre sua oficina.
G:
A oficina "Brincando de cena" é direcionada ao público infantil e pretende estimular a criatividade e o desenvolvimento da expressividade da criança através de jogos e brincadeiras de grupo se utilizando da própria atividade técnica das brincadeiras infantis como ponto de partida para a expressividade cênica pela contação de histórias, a cantiga de roda, as canções infantis e os jogos de grupo, por exemplo. O intuito em se trazer a possibilidade do jogo teatral ao público infantil é o encantamento com o próprio jogo e o desenvolvimento da apreensão do ficcional e do faz-de-conta como estímulo da subjetividade.
 
F: Para você qual a importância do FESTAL na cena alagoana?
G:
O FESTAL tornou-se a bandeira das artes cênicas de Alagoas, pois nele reside a possibilidade de modificação do estado infértil das políticas públicas e de apreciação da sociedade alagoana à arte do próprio povo. No FESTAL, os artistas estão promovendo transformação, resistência, identificação da nossa terra. Levando cultura viva para as escolas dos diversos bairros da capital nesta edição, acredito estarmos dando humildes passos para envolver a sociedade alagoana e, assim, podermos mostrar o trabalho que desenvolvemos. Quem sabe, daqui a uns tantos anos, o FESTAL aconteça em mais de uma cidade do estado?! Quem sabe, daqui a uns anos, toda a sociedade se aproprie dessa festa e ela possa ser um dos marcos de nosso estado?!
 
F: Qual a expectativa acerca de sua participação no FESTAL 2017?
G:
Enquanto membro da Cia. do Chapéu, grupo responsável pela organização este ano, espero que possamos ter sempre o cometimento e a seriedade exigida desta função, e, na certeza de que cumpriremos este dever, proporcionar, junto aos nossos pares e aos demais grupos que realizam esta festa, uma experiência capaz de renovar o espírito de união entre nós artistas e nutrir de ímpeto a cultura alagoana.

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