quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Entrevista: Cia Teatro da Meia-Noite

O ator e diretor Julien Costa, da Cia Teatro da Meia-Noite, falou um pouco sobre o processo criativo do espetáculo "Por Um Triz", estreado ano passado e que comporá a programação do Festal esse ano. A peça traz uma discussão que sempre permeou o campo das artes, mas que nesse contexto de crise encontra-se ainda mais acentuada: como seguir criando artisticamente num cenário tão adverso, desprovido de políticas públicas?
Nesse sentido, Julien reconhece no Festal, um caminho possível para transformar esse contexto em favor da produção artística e cultural de Alagoas.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.


FESTAL
: Quais as principais motivações e situações que permeiam a gênese da criação do espetáculo que seu grupo apresentou no Festal?

JULIEN: POR UM TRIZ é resultante de uma Oficina de montagem promovida pela Cia Teatro da Meia-noite de fevereiro a outubro de 2017, A CRISE financeira, emocional e existencial que assolou o país nos último quatro anos, principalmente no segmento cultural; a desistência de artistas continuarem  a acreditarem em seu ofício; o fechamento de espaços cênicos e teatros  alternativos mantidos por grupos, coletivos e artistas no PAÍS, foi o ponto de partida para desenvolver um texto sobre o tema em questão, e assim nasce a história de Maria JOSÉ, A “MAZÉ” - uma atriz, navegante solitária, que viaja ao seu “interior” e inquietações para refletir sobre seu ofício e que sentido seguir.
Cena do espetáculo "Por um Triz", da Cia Teatro da Meia-Noite. Foto: Jadir Pereira

FESTAL: No que se refere à relação direção x elenco, como vocês costumam caracterizar o processo criativo desse espetáculo? Como essas funções foram compreendidas e exercidas durante esse processo?

JULIEN: O primeiro passo foi desenvolver a Dramaturgia, cuja a missão ficou a cargo de Julien Costa, que também ficou responsável por conceber a estética da encenação e na direção do Espetáculo; a cada cena escrita, o texto era enviado por e-mail para a Atriz Kátia Rúbia, que por morar em Arapiraca, durante a semana revisava, refletia, suprimia, acrescentava e reenviava de volta para Julien e assim foi durante todo o processo de construção do texto até chegarmos a 8º versão e definitiva do texto. Só a partir da conclusão do texto, começaram os ensaios, após definido a dramaturgia e a estética das encenação, ficou a cargo de Izácio Francisco, desenvolver a trilha original para o espetáculo, e assim nasceu POR UM TRIZ, a seis mãos; todo processo levou nove meses até a estreia.


FESTAL: Todo processo criativo é também um processo seletivo de ideias, materiais, escolhas. No caso desse espetáculo, como se deu ou tem se dado, esse processo de edição? Se possível cite exemplos específicos.

JULIEN: Em todo processo criativo, existe o campo do ideal e do possível de realizar, as ideias se modificam e vão se ajustando de acordo com a viabilidade, tanto pela questão técnica/produção, quanto pelo nível de execução. Exemplos claros do processo foi a substituição da guitarra elétrica (ideia inicial para a sonorização do espetáculo) pelo violão e pela sonoridade acústica sem a utilização de caixas de som. Também mudamos o lugar da plateia e a quantidade de espectadores (que na ideia inicial era apresentar o espetáculo para apenas 40 espectadores, que sentariam num círculo de 40 baldes de tinta que seriam os bancos da plateia); além de cada espectador ter uma lanterna de cabeça e o público ser o “iluminador” do espetáculo, e por questões de infraestrutura, logística e acessibilidade, foram substituídas por 24 lanternas no chão que simbolicamente representam as 24 horas que completam o ciclo de um dia, e o músico passa ser o iluminador/farol da atriz durante  a apresentação.


FESTAL: Fazendo um exercício de abstração e distanciamento afetivo em relação ao trabalho, que aspectos do espetáculo (técnicos, dramatúrgicos, de produção) o grupo identifica como elementos potentes e limitações?

JULIEN: Acreditamos que a finalidade da Cia Teatro da Meia-noite com a  oficina de montagem cumpriu exatamente o seu papel, e ficamos bem satisfeitos com a resultante, dentro das perspectivas e objetivos que traçamos como meta para o processo. Criamos um espetáculo que busca homenagear todos os profissionais das artes cênicas que resistem em continuar no ofício apesar da escassez de políticas públicas e tantas outras tantas FALTAS que limitam, freiam e até cessam tantos profissionais. POR UM TRIZ, o nosso novo espetáculo, nasce da resultante de uma Oficina, fruto da reunião e da vontade de três pessoas que ficaram até o fim do processo que durou uma gestação (09 meses), com a  vontade de fazer ACONTECER, com o desejo de REALIZAR, surge com  a mesma ESSENCIA de como nasceu o FESTAL. A cada apresentação, o espetáculo ganha força e se revigora, se renova e se modifica justamente por nos propormos explorar espaços não convencionais e nos permitirmos experimentar, e OUVIR O PÚBLICO depois de cada apresentação, até para termos a clareza de como isso reverbera em quem nos assiste, e se alcançamos as pessoas de alguma forma… Claro  que  gostaríamos  de termos tido mais ensaios/encontros presenciais, que em vez de 4 horas por encontro, que tivéssemos no mínimo oito horas por dia, e que os intervalos (oito dias) de um ensaio para o outro fossem menores que  a distância de Maceió a Arapiraca, que  a vida corrida dos envolvidos no processo, o emprego e outros compromissos não fossem os principais impeditivos para não podermos nos encontrar mais vezes... Que o Intervalo de uma apresentação para outra não fossem tão longos, pois todo espetáculo precisa de ritmo e dinamismo, e isso é possível quando há uma sequência de apresentações.
Cena do espetáculo "Por um Triz", da Cia Teatro da Meia-Noite. Foto: Nyrium

FESTAL: O grupo reconhece algum sentido de continuidade e conexão entre esse processo criativo e os anteriores ou nesse caso específico se trata de uma tentativa de se desviar da maneira como o grupo tem criado? Que aspectos se apresentam como novidade no processo criativo desse espetáculo em relação aos que o antecederam?

JULIEN: Além de uma prática de colaboração e coletividade e desenvolvimento de ideias através de oficinas e exercícios, atividades comuns e cotidianas nos processos da Cia, podemos identificar como processo contínuo de Pesquisa da Cia e de conexão com nosso repertório, a inserção de literatura, de  textos literários se METAMORFOSEANDO em textos dramatúrgicos, outra prática da Cia encontrada em seus espetáculos anteriores: “Cinco Para o Cadafalso”, “Paixão Do Riso”, “Fragmentos de Vidas Secas”, “Insônia”, “Marina – uma história de Cordel”, todos esses com textos e autores da literatura, sendo experimentados como dramaturgia.


FESTAL: E para encerrar, uma pergunta sobre o Festal. Como você ou seu grupo percebe(m) o papel de movimento das artes cênicas para o cenário da produção cultural local?

JULIEN: Acreditamos que a colaboração e a coletividade é o caminho para o desenvolvimento, o crescimento e o fortalecimento de qualquer segmento, a organização e articulação entre os pares é o que torna possível algumas conquistas. O FESTAL precisa ser compreendido e abraçado por TOD@S, não como um evento anual; o Festival de Artes Cênicas de Alagoas precisa ser visto  como  a culminância de uma REDE DE ARTES CÊNICAS DE ALAGOAS, formada por grupos, coletivos e artistas solos que juntos discutem, difundem, e contribuem para a construção políticas públicas afirmativas que garantam respeito, dignidade e sustentabilidade a toda cadeia produtiva do segmento, e que essa luta é diária e contínua e que independente de nossas diferenças ideológicas ou de linguagens não podem sobrepor um bem maior: OS AVANÇOS E CONQUITAS PARA AS ARTES CÊNICAS DE ALAGOAS. É preciso ver com clareza que isso só será possível com a união e participação e COMPROMETIMENTO de TODOS nesse PROCESSO. Temos muito ainda para aprender, mas é bom ver que chegamos até aqui, na quarta edição, e que o compromisso e a responsabilidade só aumenta, mas o bom disso tudo é saber que o FESTAL É NOSSO!

Um comentário:

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